Museu da Covilhã

Agosto de 2021 marca a abertura do museu de que vos falo hoje: o Museu da Covilhã. Não poderia ser outro o nome para este espaço museológico que nos fala exactamente desta cidade e que foi galardoado com o prémio de Melhor Museu do Ano de 2022.
Embarquem nesta visita.

Nas antigas instalações do Banco Nacional Ultramarino, o qual funcionou entre as décadas de 1920 e 1980, ergue-se então o Museu da Covilhã. O seu edifício, de autoria do arquitecto Ernesto Korrodi (1870-1944), apresenta uma estética Arte Nova com uma fachada completa com painéis de azulejos azuis e brancos que retratam o comércio ultramarino e os Descobrimentos.

Este é um museu que permite aos moradores e visitantes da Covilhã conhecer o passado da cidade ao mesmo tempo que conseguem reflectir sobre a sua actualidade. Podemos ver como a cidade se definiu desde o início da ocupação do território e perceber, ao longo dos cinco pisos, quais as alterações que tiveram lugar e que resultam na cidade que conhecemos nos dias de hoje.

Os cinco pisos, os quais visitamos de cima para baixo, são organizados cronologicamente desde a Pré-História à actualidade:
* Piso 3: Dos Primeiros Habitantes à Romanização;
* Piso 2: A Covilhã na Idade Média e na Época Moderna;
* Piso 1: Covilhã Cidade – Época Contemporânea;
* Piso 0: Covilhã, Figuras e Património, numa visão global da história da cidade e reflexão sobre o futuro, com recurso a materiais interactivos;
* Piso -1: Sala Multiusos, que neste momento acolhe cinco obras portuguesas do século XX da autoria de Eduardo Malta (1900-1967), Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), Árpád Szenes (1897-1985), Júlio Resende (1917-2011) e Malangatana (1936-2011), num projecto desenvolvido pelo Novo Banco Cultura.

Ao longo dos vários andares ficamos a conhecer todas as ocupações do território que nos mostram como este se reinventou ao longo dos séculos para ser ainda nos dias de hoje um ponto importante da zona: desde os Romanos atraídos pelas riquezas naturais; a defesa que permitia durante a época medieval; a participação na Expansão Portuguesa; o aproveitamento dos recursos naturais do território pelos próprios covilhanenses; a forte presença das fábricas de lanifícios até ao final do século XX; e agora, nos novos tempos, a criação da Universidade da Beira Interior que permite que sejam ainda muitos os que se deslocam à e para a Covilhã. Todos este tópicos estão representados na exposição e para além de nos ser contado em detalhe cada um destes momentos, conseguimos perceber o seu impacto e as alterações que trouxeram à cidade.

Para além desses pontos, vemos ainda marcados alguns dos momentos mais significativos da Covilhã, desde a atribuição do seu Foral; a celebração dos 100 anos enquanto cidade; as indústrias mineiras e de lanifícios; como os covilhanenses viveram a Revolução do 25 de Abril; bem como todas as figuras marcantes aqui nascidas, desde artistas, políticos, escritores, etc. Há ainda espaço para histórias importantes para a Arqueologia portuguesa como a descoberta do Tesouro da Borralheira, em 1953.

A zona interactiva, localizada no piso 0, também nos permite saber mais sobre a cidade, sendo que temos a possibilidade de comparar locais e património com fotos antigas e actuais e conhecer a cidade através de temas como os jardins e a religião.

Foral da Covilhã, no “Livro de Forais Velhos”, 1552-1554.

O Museu pretende ser um instrumento divulgativo e lúdico que, utilizando recursos variados, acessíveis e inclusivos, ensine a história da Covilhã à diversidade da população e visitantes – locais e turistas, pessoas com diversas condições físicas e psicológicas, de diferentes idades.

Com a sua componente museográfica desenvolvida pela Formas Etéreas, uma empresa covilhanense, o museu mostra-nos peças, objectos, textos, fotografias, ilustrações, maquetes e cenografias que compõem o espaço expositivo. Para além disso, o Museu da Covilhã revela-se ainda extremamente inclusivo tendo variada sinalização e textos em braile para invisuais, havendo também réplicas e imagens tácteis de algumas peças para que quem não vê tenha a mesma oportunidade de ver as peças. Há também recurso a audiovisuais, audiodescrição ou legendagem e interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

Este grande lado inclusivo valeu ao Museu da Covilhã ser galardoado este ano pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM) com o prémio de Melhor Museu do Ano, numa cerimónia realizada a 27 de Maio. Recebem este prémio exactamente devido à “grande aposta na inclusão, com vários aspectos de adaptação do novo museu ao acolhimento dos públicos com limitações a vários níveis.”

Lápide funerária de Avita. Exemplo de uma réplica tocável.

Frontispício do Foral Novo da Covilhã. Exemplo de uma réplica tocável.

Um último ponto importante a destacar sobre este espaço é o facto de fazer referência a outros Museus da Covilhã quando assim faz sentido. Por exemplo, se há uma peça ou texto referente a Arte Sacra, há também uma placa que indica que existe um museu dedicado ao tema na cidade; o mesmo para o Museu dos Lanifícios, e por aí fora. Isto mostra a ligação que existe entre todos núcleos, algo que faz muito sentido. Essa ligação vê-se ainda na aplicação que foi criada e a qual podemos utilizar não só no interior destes espaços como também pela cidade, de modo a conhecermos mais sobre a cultura e património presente na Covilhã.

Se ainda não conhecem este Museu e se também não sabem muito sobre a História da Covilhã (e mesmo que saibam), sem dúvida que é uma visita que merece ser incluída no vosso calendário, não só por tudo aquilo que podem conhecer a nível histórico, mas também pelas peças e objectos que complementam todo o texto.

O Museu da Covilhã está pronto para vos receber de Terça-Feira a Domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h.
A entrada é gratuita e há possibilidade de realização de visitas guiadas mediante disponibilidade e sujeitas a marcação prévia.
Para mais informações: Museu da Covilhã.

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